17.3.08

Salve Maria

Maria aceitava tudo: o que queria e o que não queria. Dizia que a hora dela chegaria. Queria um tempo de folga, mas aceitava ficar trabalhando. Queria um carro bonito, mas aceitava um sapato bonito – ou ao menos confortável. Queria que seu marido fosse carinhoso, mas aceitava sessões de agressão. Queria vestir fiorucci, mas aceitava seus trapos de bom tom.

Maria aceitava de tudo mesmo! Dizia que a hora dela chegaria. Queria um jantar a luz de velas, mas aceitava-o quando faltava eletricidade no barraco. Queria um telefone celular, mas aceitava a cara feia da vizinha fuxiqueira (que tinha telefone) passando o recado. Queria filhos estudiosos, mas aceitava-os desleixados. Queria andar de avião, mas aceitava ainda a condução.

Maria aceitava de tudo mesmo, dizendo que a hora dela chegaria. E chegou: morreu na segunda-feira passada.

Maracujina

Quer ver uma coisa que me deixa nervoso é me chamar de “nervosinho”. Talvez seja por causa da ansiedade e da intolerância, ou ao menos é isso o que dizem. Espero alguma coisa e, quanto mais perto do prazo, mais ansioso eu fico. E quando vem, quase sempre não me satisfaço, sempre insatisfatório! medíocre! ridículo! e isso acabava com meu dia e com o dia de quem estiver ao meu lado.

Tinha que acabar com a ansiedade, e agora tudo há de mudar! Plantei um pé de maracujá, mudei-me para perto do mar. Entrei no Yoga, ganhei um cachorro e um saxofone e proso longas conversas comigo mesmo. Incrível como a ansiedade ficou de lado.

Quanto à intolerância... bom..., você é um completo imbecil se você não entendeu o recado. A intolerância é a minha natureza, e se ninguém pode ir contra a sua: quem serei eu para tentar. E se me chamares novamente de “nervosinho”, eu não me importarei se tiver que esperar uma semana para chutar sua cara. Paciência é minha conquista! ou seria a dessa caixa de Lexotan vazia? VAZIA??!! Aaahhh, fodeu!