18.4.07

Simplesmente: Arrigo

"Aquele arrogante passou por aqui" - era só o que se escutava do povo daquela cidade, pois a novidade do dia era que Arrigo perdera o emprego.

Pudera, " O chefe não soube explorar meu potencial!", saiu enchendo a boca, e logo vangloriava-se, pois agora poderia iniciar uma caminhada. E caminhada seria bem o termo, pois o dinheiro acabou, e até mesmo para o ônibus ficara difícil. Boa chance para criticar o governo pelo “passe livre aos desempregados”, um problema de cunho social, mas logo vangloriou-se, pois agora poderia "manter as pernas mais belas e exercitadas da cidade”.
Num dia criticou o da padaria, que não fiava antigos clientes, vangloriando-se que em pouco tempo a compraria, e demitiria todo mundo, menos a moça do caixa, “que é apaixonada por mim”. Pois se era, naquele dia chegou em casa e sua mulher o abandonara. "HAHAHA, realmente não conseguiu aguentar o tamanho do pinto do Arrigo!". Mas na tristeza de seu sorriso adoeceu e morreu em dez dias...

No seu bilhete de despedida não queria que espalhasse a notícia de sua morte, pois não gostava de ver muitas pessoas chorando, e também não queria prejudicar a economia da cidade com o luto... Se contentaria com um busto na praça central: “Arrigo: simplesmente Arrigo, o piadista diário da desgraça própria, afinal, brasileiro".

2 comentários:

Edna Araujo disse...

Meu pai... esse cara existe?

BonDeLaire disse...

E não só existe,
como existem.

Olha um aí ao seu lado!